Quem não é visto não é lembrado! Deste modo lembramos quem parece ter ficado esquecido!
Sei de um canto em Anseriz,
berço de um cravo roxo
e de um Rosário que me bendiz
e que trago no peito como um facho
sempre aceso e motriz
dos versos que às vezes faço.
Ali também eu tenho a raiz
junto à Fonte de Baixo,
junto à Travessa que não diz
nem canta as doçuras de um cacho
de irmãos em sangue tinto,
vinho, cantaria e xisto.
Serei Anser-eris, poeta romano;
serei o visigótico Anserico;
sereis os gansos do Açor,
da Lousã, da Estrela que me guia
das profundezas da terra
ao alto da noite escura.
Os Anjos ainda vão a Anseriz nas festas
com canções de outra aquela
encontrar Trindades de duas arestas
e Fé que não se revela.